Beyoncé - Platinum Edition (2014) - Beyoncé
1) "Pretty Hurts" - ☆☆☆☆☆
Prometendo um trabalho de qualidade,
Beyoncé apresenta um sucesso garantido vindo de Sia, tornando a sua proposta de
álbum visual muito realista. Retratando a hipocrisia e superficialidade do
mundo em que vivemos, a música fala do facto de a luta pela beleza inatingível
causar dor e de a própria mãe a ter incentivado desde pequena a ser bonita e a
não valorizar tanto a inteligência.
Estamos na presença de uma crítica social, de uma crítica à educação dada às crianças e de uma confissão no que toca a autoestima e autoaceitação.
"Perfection is the disease of a nation” e “It’s the soul that needs surgery” são as frases mais representativas da aura de toda a música.
Estamos na presença de uma crítica social, de uma crítica à educação dada às crianças e de uma confissão no que toca a autoestima e autoaceitação.
"Perfection is the disease of a nation” e “It’s the soul that needs surgery” são as frases mais representativas da aura de toda a música.
2) "Haunted” - ☆☆☆☆☆
“Haunted"
inicia-se com um ritmo frio e introduz Beyoncé num rap acerca da existência
humana e da população que está viva sem realmente viver.
Recorrendo
a harmonias ecoantes e a uma bass music que nos insere num ambiente amplo
e citadino, a letra passa discretamente para um tema romântico, onde ela fala
acerca de estar a assombrar alguém e achar que essa pessoa também a está a
assombrar. Num momento sedutor, a cantora sussurra “You want me? I walk
down the hallway, you’re lucky. The bedroom’s my runway. Slap me! I’m pinned to
the doorway. Kiss, bite, foreplay.”
Quase
no fim, a música cai num hip-hop movido por sintetizadores que confere
alguma energia ao mistério de toda a música.
3) "Drunk In Love" (feat. Jay-Z) - ☆☆☆☆☆
Uma voz agudizada ao
estilo árabe traz-nos para um ambiente erótico e feminino. Beyoncé canta sobre
estar rendida à paixão e se encontrar literalmente embriagada de amor, apesar
das luzes intensas e de todos os bens materiais que a rodeiam.
Sobre uma batida urbana e sincopada, ela rende-se ao contacto físico e aos momentos íntimos, tornando a letra bastante explícita apesar das metáforas (por exemplo, “wood” [madeira] para o órgão sexual masculino, “watermelon” [melancia] para o sémen, etc.) neste caso do marido, o rapper Jay-Z que também participa na música e faz referência a momentos famosos da cultura pop (“I’m Ike Turner, turn up, baby, no I don’t play. Now eat the cake, Annie Mae, I said eat the cake, Annie Mae”) sem nunca quebrar o mood.
Sobre uma batida urbana e sincopada, ela rende-se ao contacto físico e aos momentos íntimos, tornando a letra bastante explícita apesar das metáforas (por exemplo, “wood” [madeira] para o órgão sexual masculino, “watermelon” [melancia] para o sémen, etc.) neste caso do marido, o rapper Jay-Z que também participa na música e faz referência a momentos famosos da cultura pop (“I’m Ike Turner, turn up, baby, no I don’t play. Now eat the cake, Annie Mae, I said eat the cake, Annie Mae”) sem nunca quebrar o mood.
4) "Blow - ☆☆☆☆
A cantora usa “Blow”
para mostrar os seus dotes vocais num electro-funk muito vintage, bem ao
estilo das divas de décadas passadas.
E, mantendo a
sensualidade da música anterior, aqui Beyoncé também não poupa nas metáforas.
Mais ou menos a meio da música, depois de anunciar que esta é dedicada a todas as mulheres crescidas - destacando mais ainda o conteúdo adulto - surge um ritmo orientado por beatbox ao mesmo tempo que ela pede que lhe tirem a virgindade através da metáfora da cereja: “I can’t wait ‘til I get home so you can turn that cherry out. Turn that cherry out, turn that cherry out” e acaba a música com um verso em francês e a ponte da canção uma vez mais.
Mais ou menos a meio da música, depois de anunciar que esta é dedicada a todas as mulheres crescidas - destacando mais ainda o conteúdo adulto - surge um ritmo orientado por beatbox ao mesmo tempo que ela pede que lhe tirem a virgindade através da metáfora da cereja: “I can’t wait ‘til I get home so you can turn that cherry out. Turn that cherry out, turn that cherry out” e acaba a música com um verso em francês e a ponte da canção uma vez mais.
5) "No Angel” - ☆☆☆☆
Bastante intimista, a
cantora parece ainda preocupada em abordar o seu romance com um timbre frágil e
carente.
Afirma que ainda ela
não seja nenhum anjo, o seu par também não o é, algo que ela se apercebeu agora
que o conhece melhor, o que deixa espaço para muitas aventuras entre os dois.
Apesar de se distanciar das fórmulas comerciais, Beyoncé não soa propriamente
original, o que resultou numa música boa mas não de excelência como várias
outras deste mesmo álbum.
“Baby, put your arms around me, tell me I’m a problem. Know I’m not the girl you thought you knew and that you wanted (...) But I know that’s why you’re staying”
“Baby, put your arms around me, tell me I’m a problem. Know I’m not the girl you thought you knew and that you wanted (...) But I know that’s why you’re staying”
6) "Partition”- ☆☆☆☆☆
Uma das músicas
melhor trabalhadas, a intérprete mostra várias facetas: de diva que interage
com os fãs antes de a canção começar, de cantora e ainda de rapper. Com um
sub-baixo intenso a orientar a primeira parte da música, somos apresentados ao
seu alter-ego do ghetto, Yoncé,
uma mulher confiante e consciente dos seus dotes físicos, que sabe o impacto
que tem nas pessoas que a veem. “Drop the bass, man,
the bass get lower. (...) High like treble, pumping on the mids, the man ain’t
ever seen a booty like this. (...) I sneezed on the beat and the beat got
sicker, Yoncé all on his mouth like liquor”.
Na segunda parte, a cantora relata a sua vida de estrela e a sua falta de privacidade, bem como o envolvimento sexual com o seu par. Uns versos em francês ironizam o facto de os homens acharem que as feministas detestam o sexo, quando na realidade elas adoram, rematando com o refrão e sintetizadores enérgicos.
Na segunda parte, a cantora relata a sua vida de estrela e a sua falta de privacidade, bem como o envolvimento sexual com o seu par. Uns versos em francês ironizam o facto de os homens acharem que as feministas detestam o sexo, quando na realidade elas adoram, rematando com o refrão e sintetizadores enérgicos.
7) "Jealous" - ☆☆☆☆☆
Beyoncé
é humana, tendo por isso inseguranças e receios típicos de qualquer pessoa numa
relação: o medo da perda, o esforço para continuar a ser interessante para o
seu par romântico e, acima de tudo, o ciúme. Jurando que se ele mantiver a
promessa dele ela também vai manter a dela, a música consegue ser emocional,
frágil e ao mesmo tempo libertadora. O sofrimento que sente implica uma
necessidade de mudança, mas ao mesmo tempo a ligação afetiva não consegue ser
quebrada.
“And
I hate you for your lies and your covers. And I hate us for making good love to
each other. And I love making you jealous but don’t judge me. And I know that
I’m being hateful but that ain’t nothing. That ain’t nothing. I’m just jealous.
I’m just human. Don’t judge me.”A
sonoridade é simples e simultaneamente bem conseguida, com gritos ecoados e uns riffs de guitarra disfarçados no ritmo que
exalam toda a tensão acumulada ao longo da música.
8) "Rocket” - ☆☆☆☆
Com um género soul das suas raízes no qual se sai sempre
tão bem, a voz de Beyoncé brilha na suavidade dos sons.
“I do it like it’s my
profession, I gotta make a confession. I’m proud of all this bass, let me put
it in your face. By the way, if you need a personal trainer or a therapist, I
can be a piece of sunshine, inner peace, entertainer, anything else that you may
read between the lines. You and I create waterfalls”
A temática engloba as mais variadas fantasias e diversões que um casal pode ter, mergulhando-nos num estado de espírito alegre, relaxado e sem compromisso.
A temática engloba as mais variadas fantasias e diversões que um casal pode ter, mergulhando-nos num estado de espírito alegre, relaxado e sem compromisso.
9) "Mine" (feat. Drake) - ☆☆☆☆☆
Caindo novamente na
instabilidade emocional, desta vez na indecisão de manter ou acabar uma
relação, a cantora coloca o ouvinte num lento transe sonoro até ao momento em
que Drake intervém.
Sob a perspetiva de
uma vida a longo prazo, Beyoncé abre o seu coração e a sua mente, deixando-nos
conhecer os seus sentimentos e pedindo que haja menos drama na relação, apesar
de estar consciente de que ela é muitas vezes a fonte dos problemas.
Tanto Drake como a cantora cantam sobre querer que a outra pessoa lhes pertença: “I just wanna say you’re mine, you’re mine. Fuck what you heard, you’re mine, you’re mine. As long as you know who you belong to.”
Tanto Drake como a cantora cantam sobre querer que a outra pessoa lhes pertença: “I just wanna say you’re mine, you’re mine. Fuck what you heard, you’re mine, you’re mine. As long as you know who you belong to.”
10) "XO" - ☆☆☆☆☆
Um
título puro para uma música pop pura
também.
Romântica
e consciente de que a vida passa rápido, Beyoncé pede “Baby, kiss me. Before
they turn the lights out” e mais tarde “Before our time is run out”,
em referência à morte.
E ao mesmo tempo que a música é brilhante na medida em que oferece diversão com muito conteúdo, o refrão fica facilmente na cabeça e incentiva a viver momentos inesquecíveis com a pessoa de quem se gosta, porque essa é uma das melhores coisas que a vida oferece.
E ao mesmo tempo que a música é brilhante na medida em que oferece diversão com muito conteúdo, o refrão fica facilmente na cabeça e incentiva a viver momentos inesquecíveis com a pessoa de quem se gosta, porque essa é uma das melhores coisas que a vida oferece.
11) "***Flawless" (feat. Chimamanda Ngozi Adichie)
- ☆☆☆☆☆
Com uma das melhores
produções do álbum, se não mesmo a melhor, Beyoncé defende os seus ideais sem
espaço para dúvidas. O poder das mulheres está nas mãos delas e cada pessoa é
perfeita da maneira como é: “I woke up like this,
we flawless”.
Somos injetados com uma música eletrónica frenética que incentiva à revolução
pretendida pela cantora: o feminismo não é apenas uma posição a considerar, é a
base de toda a igualdade.
Com o
discurso de uma escritora nigeriana acerca da injustiça de ser aceitável um
homem tratar o seu corpo sexualmente e uma mulher não, somos deixados com uma
noção fundamental: “Feminist.
A person who believes in the social, political and economic equality of the
sexes”.
Os ritmos trap com vozes distorcidas tornam a música um verdadeiro hino contemporâneo porque, para além da temática, oferecem a sonoridade mais atual da indústria musical.
Os ritmos trap com vozes distorcidas tornam a música um verdadeiro hino contemporâneo porque, para além da temática, oferecem a sonoridade mais atual da indústria musical.
12) "Superpower” (feat. Frank Ocean) - ☆☆☆
Na sequência da qualidade da música
anterior, esta acaba por soar bastante mediana, ainda que possa ser vista como
sofisticada na sua abordagem ao amor invencível. A letra, ainda que bem
formulada, não nos presenteia com um refrão memorável em nenhum momento.
“But nothing could
slow us down, couldn’t tow us down. I thought I could live without you, ‘cause
nothing I know can break us down”.
Nem as harmonias
amenas, nem a discreta participação do cantor Frank Ocean, nem sequer os
estalinhos ocasionais resgatam a produção, parecendo apenas uma filler no álbum.
13) "Heaven" - ☆☆☆☆
Um clássico piano traz uma nova qualidade
ao álbum, bem como uma letra triste acerca da perda de alguém; neste caso, um
aborto natural que Beyoncé teve. Deparamo-nos com a desorientação da cantora e
um desespero que contrasta com toda a agressividade das músicas anteriores
sobre sexo e autovalorização.
A memória de momentos de esperança com o marido quebram a repetição de que a música é vítima “We laughed at the darkness, so scared that we lost it. We stood on the ceilings, you showed me love was all you needed”, finalizando com um recorrer à religião em momento de conformismo cru, uma vez que o tema justifica isso mesmo.
A memória de momentos de esperança com o marido quebram a repetição de que a música é vítima “We laughed at the darkness, so scared that we lost it. We stood on the ceilings, you showed me love was all you needed”, finalizando com um recorrer à religião em momento de conformismo cru, uma vez que o tema justifica isso mesmo.
14) "Blue" (feat. Blue Ivy) - ☆☆☆☆
Beyoncé não podia deixar de honrar a sua
filha com uma música, incluindo até a participação da própria no fim e deixando
os seus fãs ter um vislumbre da sua vida familiar.
Os seus dotes maternais refletem-se na letra “Each day I feel so blessed to be looking at you, ‘cause when you open your eyes, I feel alive.” Começa delicada e acaba por se intensificar mas sempre graciosamente, representando o amor da cantora por Blue Ivy.
Se até aqui tínhamos assistido às várias dimensões de Beyoncé enquanto celebridade, esposa, amante e pessoa, temos aqui a prova concreta da sua faceta de mãe.
Os seus dotes maternais refletem-se na letra “Each day I feel so blessed to be looking at you, ‘cause when you open your eyes, I feel alive.” Começa delicada e acaba por se intensificar mas sempre graciosamente, representando o amor da cantora por Blue Ivy.
Se até aqui tínhamos assistido às várias dimensões de Beyoncé enquanto celebridade, esposa, amante e pessoa, temos aqui a prova concreta da sua faceta de mãe.
_________________ PLATINUM EDITION _________________
O álbum lançado em 2013 teve um relançamento com o acréscimo das seguintes músicas:
15) "7/11" - ☆☆☆☆☆
Com uma vibração dançante, a cantora não poupa
nas batidas hip-hop e canta sobre divertir-se sem
quaisquer preocupações.
Faz referências a álcool e à sua atitude inconsciente em contexto
de festa, não se esquecendo de impressionar os outros e exibir-se como se faz
em qualquer típica música urbana, proporciando até momento de palmas para o twerk.
“Flexin’
while my hands up, my hands up, my hands up, I stand up with my hands up”.
16) "Flawless Remix" (feat. Nicki Minaj) - ☆☆☆☆☆
Se na versão original a música é um trap de intervenção social, aqui torna-se
mais pessoal com Beyoncé a falar de dinheiro, bens materiais e até intimista
fazendo referência a episódios mediáticos como o do desentendimento do seu
marido Jay-Z e irmã Solange Knowles no elevador (“Of course sometimes
shit go down when it’s a billion dollars on an elevator”).
O refrão é proferido, seguido por um verso sobre confiança e um
trompete militar muito em voga, finalizado pelo rap de Nicki Minaj imperdoavelmente bem feito com calão
por cima de hi-hats reverberantes, que se refere
inclusive ao Instagram e as proclama como as verdadeiras referências internacionais
na indústria.
“The
queen of rap, slayin’ with queen Bey”.
17) "Drunk In Love Remix" (feat. Jay-Z & Kanye West)
- ☆☆☆☆☆
Kanye West entra na música com graves
harmoniosos revelando logo o assunto sexual a tratar (“You willl never need
another lover, ‘cause you a milf and I’m a motherfucker”) e expondo todos
os planos que tem para a intimidade, até ao momento em que Beyoncé traz o seu timbre
e letra icónica (“Feelin’
like an animal with these cameras all in my grillz”) com quebras ocasionais
para conferir dinamismo à música de forma genial (“Flashing lights!”).
A sua voz acaba por se projetar como na “Drunk In Love” original e segue a lógica da mesma com a participação de Jay-Z.
A sua voz acaba por se projetar como na “Drunk In Love” original e segue a lógica da mesma com a participação de Jay-Z.
18) "Ring Off" - ☆☆☆☆
Camuflado com
sons um pouco festivaleiros, a cantora aborda aqui os casamentos com muitos
anos e os relacionamentos que com o tempo enfraquecem, acabando por deixar as
pessoas amarguradas.
“I wish he
said I’m beautiful, I wish it didn’t hurt at all. I don’t know how I got here,
I was once the once who had his heart”.
Uma ode a novos inícios e à procura da felicidade. “After all your tears, after all that pain’s all clear. Mama, after all them years, we can start all over again”.
Uma ode a novos inícios e à procura da felicidade. “After all your tears, after all that pain’s all clear. Mama, after all them years, we can start all over again”.
18) "Blow Remix” (feat.
Pharrell Williams) - ☆☆☆☆
Com poucas mudanças relativamente à original, “Blow” continua a
apostar na sensualidade e nos duplos sentidos, incluindo Pharrell Williams para
ajudar a projetar a música e garantir que o R&B não passa despercebido.
“If you’re
thirsty and in love just hit your boy”
18) "Standing On The Sun"
(feat. Mr Vegas) - ☆☆☆☆☆
Finalizando
de maneira despretensiosa, Beyoncé traz um ritmo de verão e um refrão que
relembra os seus tempos de Destiny’s Child, o que parece ser o fim ideal para o
seu álbum intimista.
A
participação de Mr Vegas não era crucial mas conferiu-lhe todo um sentimento de
festa caribenho e tropical que contribui para o impacto da música que recebe o
sol e exige animação.
“Like the sun, so turn up, turn up”.
“Like the sun, so turn up, turn up”.
Análise geral:
Letra - ☆☆☆☆
Sonoridade - ☆☆☆☆☆
Conceito - ☆☆☆☆☆
Avaliação
final:
☆☆☆☆☆