sexta-feira, 25 de setembro de 2015

MODA: A nostalgia da camurça + franjas

Para quem leu o que foi anunciado aqui, convém esclarecer que nem só de flare jeans e cabelos com risca ao meio se fez a época hippie. Se já trocaram Kurt Cobain e Courtney Love, os eternos ícones grunge, pelo igualmente icónico casal setentista que foi John Lennon e Yoko Ono, está na hora de tomar em consideração o material sensação deste ano: a camurça.


Se na primavera surgiu maioritariamente em malas e casacos, nesta estação domina saias, camisolas, vestidos e todo o tipo de botas, desde os mais simples botins às botas de cano extralongo.
As cores? Podem ir do vermelho escuro ao azul, mas nada como o clássico bege ou castanho para causar verdadeiro impacto.



Para quem duvidava que pudesse soar tão fresca depois de todos estes anos esquecida - ou pelo menos com um papel muito menos relevante - ressuscita agora com os cortes mais modernos, sem nunca perder o toque saudosista de Woodstock.


Se 2015 imitou sem pudor o início dos anos 70, era obrigatório incorporar na irmã macia do cabedal o bónus que reinou em todas as épocas boémias: as franjas.
E não estou a falar de cabelo.


Apesar de voltarem à moda a cada meia dúzia de anos, desta vez surgem com o propósito inteligente de acompanhar a tendência mostrada em cima, criando um revivalismo com muito mais movimento, dinâmica e um toque de rebeldia.


Visual boho para combinar com as folhas deste outono?
Check.

segunda-feira, 31 de agosto de 2015

CULTURA: Feminismo com prazo de validade?

O título desta publicação pode parecer ridículo, como se a igualdade sofresse modas como os penteados. A realidade é que as ideias e crenças de uma sociedade variam no tempo e estão dependentes de imensos fatores.
Para verificar isto, basta olhar para a História.
A civilização romana valorizava a higiene e o bem-estar diários; já a população medieval, séculos depois, era extremamente supersticiosa e, por isto, só tomava banho uma vez por ano.
Os gregos antigos criaram a democracia, muito semelhante à atual, mas acabaram por ser substituídos por impérios e monarquias tiranas.
A evolução não é uma linha reta; bem pelo contrário, pode ser vista como um ciclo.
Se 1920 foi uma era exuberante, festiva e inovadora, com a crise e a guerra as mentalidades fecharam-se nas décadas seguintes.
Para onde foram todos os revolucionários dos anos 60 e 70 do século passado? Muitos deles tornaram-se empresários acomodados nos anos 80.
Não devemos pensar que aquilo que existe não pode ser perdido. Basta um ditador para nos retirar todos os direitos conquistados, em qualquer momento, até em pleno século XXI.


De volta à nossa temática e para esclarecer quem tem uma ideia errada:
O feminismo é o movimento que luta pela igualdade entre mulheres e homens. Não é a superioridade da mulher ou o equivalente ao machismo, é a luta por um mundo igualitário independentemente do género, sem beneficiar qualquer um deles.
Surgiu particularmente com a luta pelo direito ao voto das mulheres há mais de cem anos atrás e esteve mais em voga numas épocas do que noutras.


O interessante disso é que estamos a viver uma dessas épocas, chamada pelos sociólogos de "quarta onda do feminismo", com ativistas e celebridades a trazer o movimento para os holofotes.
Não sejamos hipócritas e admitamos que temos conceções sexistas que nos foram ensinadas desde sempre. Para os que argumentam que as mulheres já alcançaram a igualdade, apresento dois cenários obviamente injustos, um profissional e um estético:
- Ainda hoje, no nosso mundo ocidental, existem mulheres que recebem um salário inferior aos colegas do sexo masculino pelo mesmo trabalho.
- Um homem não tem de se depilar, é perfeitamente aceitável não o fazer, mas uma mulher que não o faça é humilhada ou mal vista pela comunidade.

Passemos para aqueles que estão do lado da mudança.
Desde as artistas que não depilam as axilas e publicam fotografias nas redes sociais apesar da chuva de críticas, até às mais variadas promoções do movimento na música atual, é inegável que nos últimos anos voltamos a lembrar-nos que ainda há muito para mudar.


Miley Cyrus e Madonna protestaram contra os duplos padrões sociais aparecendo em público sem se depilar, bem como outras cantoras, atrizes e artistas plásticas. O que querem transmitir é: as mulheres podem depilar-se se quiserem, simplesmente não podem ser pressionadas a fazê-lo. Porquê? Porque os homens podem depilar-se, mas não são criticados se não o fizerem.


Focando-nos na música, Beyoncé é o verdadeiro ícone pela chamada de atenção que fez com a música "***Flawless" do seu álbum autointitulado de 2013.
Ao incluir o discurso da ativista pelos direitos das mulheres Chimamanda Ngozi Adichie, a cantora lembrou os adolescentes que é errado ensinar raparigas a sonhar com o casamento e a reprimir a sua sexualidade, enquanto aos rapazes é dada maior independência e possibilidade de escolher o seu futuro. Porque feminista é aquele/a que, como é dito no discurso da música, "acredita na igualdade social, política e económica dos sexos". E sim, os homens podem e devem ser feministas também.


Lily Allen satirizou o machismo da indústria musical com "Hard Out Here" e, em 2014, Meghan Trainor criticou os padrões de beleza no seu hit "All About That Bass", com Beyoncé a reforçar os seus ideais nos VMAs desse mesmo ano e a substituir a expressão 'bossy' (mandona) por uma muito mais justa: 'boss' (patroa).


A consciencialização chegou entretanto à banda Little Mix com a música "Salute" e, este ano, Fifth Harmony lançaram o álbum Reflection com várias músicas que não são mais do que a libertação e tomada de poder do sexo feminino, sempre de forma descontraída.


Até aqui tudo está no bom caminho. Jovens independentes que não aceitam ser submetidas ao sistema patriarcal que as dominou desde sempre, 2014 foi chamado pelas revistas TIME, VICE e Billboard o ano do feminismo no pop e poucas são as celebridades que não mostraram simpatia pelo movimento (Lorde, Taylor Swift, Lady Gaga, Miley Cyrus, etc.).

O problema surge precisamente no ciclo falado no início desta publicação.
Esta febre na música comercial não é novidade. Aconteceu algo parecido, embora não tão explícito, há vinte anos atrás. O início dos anos 90 foram dominados por Madonna que chocou o mundo com Erotica, os Nirvana promoviam todos os tipos de igualdade em meados da década e a banda Spice Girls gritava nas entrelinhas que não eram dependentes de nenhum homem. Para além disto, Björk consolidava o mercado alternativo e Alanis Morissette conquistava popularidade também. Foi, sem dúvida, uma época de ouro para as mulheres. A realidade é que ser mulher na indústria musical, poderosa e confiante, vendia como nunca.

Tudo mudou com uma canção. Menos de quatro minutos arrebatam o ocidente, quebram todos os recordes em 1999 e consolidam uma nova forma de pensar. O som comercial e letra fácil fazem sucesso, sussurrando aos jovens dessa altura que não existe qualquer problema numa adolescente se sentir dependente de um rapaz e ter saudades dos maus tratos, pedindo explicitamente que lhe bata novamente.
"Hit Me Baby One More Time", abreviada para "...Baby One More Time" por motivos óbvios, foi o anúncio de toda uma geração inconsciente à violência nas relações.
Britney Spears vendia com o seu aspeto frágil, infantil e sensual.


Vítima da indústria ou consciente do efeito da sua música, ignorou qualquer feminismo vigente e promoveu esta visão com outras semelhantes ("I'm A Slave 4 U", por exemplo), ao qual se juntaram muitos outros artistas nos anos 2000, alienados ao sexismo que propagavam.

Voltando para o presente na máquina do tempo, temos de aplaudir Beyoncé e todos os artistas que ajudam a educar uma nova geração que ainda não tem ideias próprias, ensinando que a igualdade é pop e que devia continuar a ser sempre.
Ainda assim, convém prestar atenção àqueles que, sem querer ou propositadamente, podem contrariar o bom rumo das coisas e tornar o feminismo algo "fora de moda" com um simples refrão chiclete como aconteceu antes.
Embora sem possibilidade de quebrar o progresso, existe já uma música com um rap que destoa das letras restantes e parece aceitar e promover o machismo.

"Vou ser a tua mulher, (...) vou ser a tua bebé, vou ser aquilo que quiseres (...) Sim, eu cozinho, sim, eu faço as limpezas (...) Sim, és o patrão e eu sou respeitadora (...) Faço questão de tomar conta dele, faço questão de estar em bicos de pés, de joelhos, mantê-lo satisfeito, massajá-lo, ser uma dama e uma louca" - Nicki Minaj em Hey Mama - David Guetta feat. Nicki Minaj, Bebe Rexha, Afrojack


O novo feminismo veio para ficar ou tem os dias contados?

sábado, 27 de junho de 2015

MÚSICA: Review do álbum "Beyoncé - Platinum Edition" de Beyoncé

Beyoncé - Platinum Edition (2014) - Beyoncé

1) "Pretty Hurts" - ☆☆☆☆☆

 


Prometendo um trabalho de qualidade, Beyoncé apresenta um sucesso garantido vindo de Sia, tornando a sua proposta de álbum visual muito realista. Retratando a hipocrisia e superficialidade do mundo em que vivemos, a música fala do facto de a luta pela beleza inatingível causar dor e de a própria mãe a ter incentivado desde pequena a ser bonita e a não valorizar tanto a inteligência.
Estamos na presença de uma crítica social, de uma crítica à educação dada às crianças e de uma confissão no que toca a autoestima e autoaceitação.
"Perfection is the disease of a nation” e “It’s the soul that needs surgery” são as frases mais representativas da aura de toda a música.


2) "Haunted” - ☆☆☆☆☆

 

“Haunted" inicia-se com um ritmo frio e introduz Beyoncé num rap acerca da existência humana e da população que está viva sem realmente viver.
Recorrendo a harmonias ecoantes e a uma bass music que nos insere num ambiente amplo e citadino, a letra passa discretamente para um tema romântico, onde ela fala acerca de estar a assombrar alguém e achar que essa pessoa também a está a assombrar. Num momento sedutor, a cantora sussurra “You want me? I walk down the hallway, you’re lucky. The bedroom’s my runway. Slap me! I’m pinned to the doorway. Kiss, bite, foreplay.”
Quase no fim, a música cai num hip-hop movido por sintetizadores que confere alguma energia ao mistério de toda a música.


3) "Drunk In Love" (feat. Jay-Z) - ☆☆☆☆☆


Uma voz agudizada ao estilo árabe traz-nos para um ambiente erótico e feminino. Beyoncé canta sobre estar rendida à paixão e se encontrar literalmente embriagada de amor, apesar das luzes intensas e de todos os bens materiais que a rodeiam.
Sobre uma batida urbana e sincopada, ela rende-se ao contacto físico e aos momentos íntimos, tornando a letra bastante explícita apesar das metáforas (por exemplo, “wood” [madeira] para o órgão sexual masculino, “watermelon” [melancia] para o sémen, etc.) neste caso do marido, o rapper Jay-Z que também participa na música e faz referência a momentos famosos da cultura pop (“I’m Ike Turner, turn up, baby, no I don’t play. Now eat the cake, Annie Mae, I said eat the cake, Annie Mae”) sem nunca quebrar o mood.


4) "Blow - ☆☆☆☆

A cantora usa “Blow” para mostrar os seus dotes vocais num electro-funk muito vintage, bem ao estilo das divas de décadas passadas.
E, mantendo a sensualidade da música anterior, aqui Beyoncé também não poupa nas metáforas.
Mais ou menos a meio da música, depois de anunciar que esta é dedicada a todas as mulheres crescidas - destacando mais ainda o conteúdo adulto - surge um ritmo orientado por beatbox ao mesmo tempo que ela pede que lhe tirem a virgindade através da metáfora da cereja: “I can’t wait ‘til I get home so you can turn that cherry out. Turn that cherry out, turn that cherry out” e acaba a música com um verso em francês e a ponte da canção uma vez mais.


5) "No Angel” - ☆☆☆☆


Bastante intimista, a cantora parece ainda preocupada em abordar o seu romance com um timbre frágil e carente.
Afirma que ainda ela não seja nenhum anjo, o seu par também não o é, algo que ela se apercebeu agora que o conhece melhor, o que deixa espaço para muitas aventuras entre os dois. Apesar de se distanciar das fórmulas comerciais, Beyoncé não soa propriamente original, o que resultou numa música boa mas não de excelência como várias outras deste mesmo álbum.
Baby, put your arms around me, tell me I’m a problem. Know I’m not the girl you thought you knew and that you wanted (...) But I know that’s why you’re staying


6) "Partition”- ☆☆☆☆☆

 

Uma das músicas melhor trabalhadas, a intérprete mostra várias facetas: de diva que interage com os fãs antes de a canção começar, de cantora e ainda de rapper. Com um sub-baixo intenso a orientar a primeira parte da música, somos apresentados ao seu alter-ego do ghetto, Yoncé, uma mulher confiante e consciente dos seus dotes físicos, que sabe o impacto que tem nas pessoas que a veem. “Drop the bass, man, the bass get lower. (...) High like treble, pumping on the mids, the man ain’t ever seen a booty like this. (...) I sneezed on the beat and the beat got sicker, Yoncé all on his mouth like liquor”.
Na segunda parte, a cantora relata a sua vida de estrela e a sua falta de privacidade, bem como o envolvimento sexual com o seu par. Uns versos em francês ironizam o facto de os homens acharem que as feministas detestam o sexo, quando na realidade elas adoram, rematando com o refrão e sintetizadores enérgicos.


7) "Jealous" - ☆☆☆☆☆


Beyoncé é humana, tendo por isso inseguranças e receios típicos de qualquer pessoa numa relação: o medo da perda, o esforço para continuar a ser interessante para o seu par romântico e, acima de tudo, o ciúme. Jurando que se ele mantiver a promessa dele ela também vai manter a dela, a música consegue ser emocional, frágil e ao mesmo tempo libertadora. O sofrimento que sente implica uma necessidade de mudança, mas ao mesmo tempo a ligação afetiva não consegue ser quebrada.
And I hate you for your lies and your covers. And I hate us for making good love to each other. And I love making you jealous but don’t judge me. And I know that I’m being hateful but that ain’t nothing. That ain’t nothing. I’m just jealous. I’m just human. Don’t judge me.A sonoridade é simples e simultaneamente bem conseguida, com gritos ecoados e uns riffs de guitarra disfarçados no ritmo que exalam toda a tensão acumulada ao longo da música.


8) "Rocket” - ☆☆☆☆



Com um género soul das suas raízes no qual se sai sempre tão bem, a voz de Beyoncé brilha na suavidade dos sons.
I do it like it’s my profession, I gotta make a confession. I’m proud of all this bass, let me put it in your face. By the way, if you need a personal trainer or a therapist, I can be a piece of sunshine, inner peace, entertainer, anything else that you may read between the lines. You and I create waterfalls
A temática engloba as mais variadas fantasias e diversões que um casal pode ter, mergulhando-nos num estado de espírito alegre, relaxado e sem compromisso.


9) "Mine" (feat. Drake) - ☆☆☆☆☆

 

Caindo novamente na instabilidade emocional, desta vez na indecisão de manter ou acabar uma relação, a cantora coloca o ouvinte num lento transe sonoro até ao momento em que Drake intervém.
Sob a perspetiva de uma vida a longo prazo, Beyoncé abre o seu coração e a sua mente, deixando-nos conhecer os seus sentimentos e pedindo que haja menos drama na relação, apesar de estar consciente de que ela é muitas vezes a fonte dos problemas.
Tanto Drake como a cantora cantam sobre querer que a outra pessoa lhes pertença: “I just wanna say you’re mine, you’re mine. Fuck what you heard, you’re mine, you’re mine. As long as you know who you belong to.


10) "XO" - ☆☆☆☆☆


Um título puro para uma música pop pura também.
Romântica e consciente de que a vida passa rápido, Beyoncé pede “Baby, kiss me. Before they turn the lights out” e mais tarde “Before our time is run out”, em referência à morte.
E ao mesmo tempo que a música é brilhante na medida em que oferece diversão com muito conteúdo, o refrão fica facilmente na cabeça e incentiva a viver momentos inesquecíveis com a pessoa de quem se gosta, porque essa é uma das melhores coisas que a vida oferece.


11) "***Flawless" (feat. Chimamanda Ngozi Adichie) - ☆☆☆☆☆



Com uma das melhores produções do álbum, se não mesmo a melhor, Beyoncé defende os seus ideais sem espaço para dúvidas. O poder das mulheres está nas mãos delas e cada pessoa é perfeita da maneira como é: “I woke up like this, we flawless”.
Somos injetados com uma música eletrónica frenética que incentiva à revolução pretendida pela cantora: o feminismo não é apenas uma posição a considerar, é a base de toda a igualdade.
Com o discurso de uma escritora nigeriana acerca da injustiça de ser aceitável um homem tratar o seu corpo sexualmente e uma mulher não, somos deixados com uma noção fundamental: “Feminist. A person who believes in the social, political and economic equality of the sexes”.
Os ritmos trap com vozes distorcidas tornam a música um verdadeiro hino contemporâneo porque, para além da temática, oferecem a sonoridade mais atual da indústria musical.


12) "Superpower” (feat. Frank Ocean) - ☆☆☆




Na sequência da qualidade da música anterior, esta acaba por soar bastante mediana, ainda que possa ser vista como sofisticada na sua abordagem ao amor invencível. A letra, ainda que bem formulada, não nos presenteia com um refrão memorável em nenhum momento.
But nothing could slow us down, couldn’t tow us down. I thought I could live without you, ‘cause nothing I know can break us down”.
Nem as harmonias amenas, nem a discreta participação do cantor Frank Ocean, nem sequer os estalinhos ocasionais resgatam a produção, parecendo apenas uma filler no álbum.


13) "Heaven" - ☆☆☆☆




Um clássico piano traz uma nova qualidade ao álbum, bem como uma letra triste acerca da perda de alguém; neste caso, um aborto natural que Beyoncé teve. Deparamo-nos com a desorientação da cantora e um desespero que contrasta com toda a agressividade das músicas anteriores sobre sexo e autovalorização.
A memória de momentos de esperança com o marido quebram a repetição de que a música é vítima “We laughed at the darkness, so scared that we lost it. We stood on the ceilings, you showed me love was all you needed”, finalizando com um recorrer à religião em momento de conformismo cru, uma vez que o tema justifica isso mesmo.


14) "Blue" (feat. Blue Ivy) - ☆☆☆☆



Beyoncé não podia deixar de honrar a sua filha com uma música, incluindo até a participação da própria no fim e deixando os seus fãs ter um vislumbre da sua vida familiar.
Os seus dotes maternais refletem-se na letra “Each day I feel so blessed to be looking at you, ‘cause when you open your eyes, I feel alive.” Começa delicada e acaba por se intensificar mas sempre graciosamente, representando o amor da cantora por Blue Ivy.
Se até aqui tínhamos assistido às várias dimensões de Beyoncé enquanto celebridade, esposa, amante e pessoa, temos aqui a prova concreta da sua faceta de mãe.


_________________ PLATINUM EDITION_________________

O álbum lançado em 2013 teve um relançamento com o acréscimo das seguintes músicas:

15) "7/11" - ☆☆☆☆☆



Com uma vibração dançante, a cantora não poupa nas batidas hip-hop e canta sobre divertir-se sem quaisquer preocupações.
Faz referências a álcool e à sua atitude inconsciente em contexto de festa, não se esquecendo de impressionar os outros e exibir-se como se faz em qualquer típica música urbana, proporciando até momento de palmas para o twerk.
Flexin’ while my hands up, my hands up, my hands up, I stand up with my hands up”.


16) "Flawless Remix" (feat. Nicki Minaj) - ☆☆☆☆☆



Se na versão original a música é um trap de intervenção social, aqui torna-se mais pessoal com Beyoncé a falar de dinheiro, bens materiais e até intimista fazendo referência a episódios mediáticos como o do desentendimento do seu marido Jay-Z e irmã Solange Knowles no elevador (“Of course sometimes shit go down when it’s a billion dollars on an elevator”).
O refrão é proferido, seguido por um verso sobre confiança e um trompete militar muito em voga, finalizado pelo rap de Nicki Minaj imperdoavelmente bem feito com calão por cima de hi-hats reverberantes, que se refere inclusive ao Instagram e as proclama como as verdadeiras referências internacionais na indústria.
The queen of rap, slayin’ with queen Bey”.

17) "Drunk In Love Remix" (feat. Jay-Z & Kanye West) - ☆☆☆☆☆




Kanye West entra na música com graves harmoniosos revelando logo o assunto sexual a tratar (“You willl never need another lover, ‘cause you a milf and I’m a motherfucker”) e expondo todos os planos que tem para a intimidade, até ao momento em que Beyoncé traz o seu timbre e letra icónica (“Feelin’ like an animal with these cameras all in my grillz”) com quebras ocasionais para conferir dinamismo à música de forma genial (“Flashing lights!”).
A sua voz acaba por se projetar como na “Drunk In Love original e segue a lógica da mesma com a participação de Jay-Z.

18) "Ring Off" - ☆☆☆☆



Camuflado com sons um pouco festivaleiros, a cantora aborda aqui os casamentos com muitos anos e os relacionamentos que com o tempo enfraquecem, acabando por deixar as pessoas amarguradas.
“I wish he said I’m beautiful, I wish it didn’t hurt at all. I don’t know how I got here, I was once the once who had his heart”.
Uma ode a novos inícios e à procura da felicidade. “After all your tears, after all that pain’s all clear. Mama, after all them years, we can start all over again”.

18) "Blow Remix” (feat. Pharrell Williams) - ☆☆☆☆



Com poucas mudanças relativamente à original, “Blow” continua a apostar na sensualidade e nos duplos sentidos, incluindo Pharrell Williams para ajudar a projetar a música e garantir que o R&B não passa despercebido.
If you’re thirsty and in love just hit your boy

18) "Standing On The Sun" (feat. Mr Vegas) - ☆☆☆☆☆

Finalizando de maneira despretensiosa, Beyoncé traz um ritmo de verão e um refrão que relembra os seus tempos de Destiny’s Child, o que parece ser o fim ideal para o seu álbum intimista.
A participação de Mr Vegas não era crucial mas conferiu-lhe todo um sentimento de festa caribenho e tropical que contribui para o impacto da música que recebe o sol e exige animação.
Like the sun, so turn up, turn up”.

Análise geral:
Letra - ☆☆☆☆
Sonoridade - ☆☆☆☆☆
Conceito - ☆☆☆☆☆

Avaliação final:

☆☆☆☆☆