Vivemos sem refletirmos sobre aquilo que nos
rodeia. Conseguimos deixar a vida passar sem sermos mais do que uma das
migalhas que formam o todo que é a Humanidade, 7 biliões de pessoas. Não
conseguimos ser totalmente antissociais porque não vivemos isolados numa
concha, por muito que nos afastemos do mundo, e não podemos ser todos
personagens históricas que mudaram o mundo. Mesmo assim, o ser humano precisa
de contactar com o ambiente que o rodeia para se expressar. Cada pedaço de Cultura
que nos rodeia faz de nós aquilo que somos; a Sociedade condiciona a Cultura e
a Cultura condiciona a Sociedade. E, felizmente, nada se mantém intacto. O
tempo não para e o espaço está em constante alteração, o que nos obriga a evoluir
com eles e a assimilar novas formas de estar e de pensar. Acredito que sem isto
a vida não faria sentido e seríamos animais irracionais que têm o mesmo
comportamento instintivo há milhares de anos.
E o parágrafo anterior serviu para quê? Não foi
para introduzir uma tese de mestrado, mas sim para explicar a criação deste
blogue. Já tive vários blogues e nenhum me satisfazia completamente, o que me
fazia desistir ao fim de alguns meses, no máximo dois anos. Mesmo aqueles nos
quais eu falava de Moda – um assunto onde me devia dar por contente, dado que
sou estudante de Design e Marketing de Moda) - me aborreciam depois de alguns posts. Não consigo ser um relatador de
coleções porque me aborreço facilmente, nem um crítico musical ultracompetente
uma vez que não tenho formação para isso, nem um político porque não gosto de
agradar a toda a gente e muito menos defender algo em que não acredito. Mas
preciso de observar, e não é só no sentido de ver: observar em todas as suas
dimensões. Olhar, ouvir, pensar sobre aquilo que me rodeia. Estou longe de filosofar
seja sobre o que for, porque a Filosofia escolar encarregou-se de asfixiar as
minhas tentativas, e não tenho como objetivo ser um sociólogo porque há várias
áreas do conhecimento humano que não me fascinam.
Contudo, cada vez me apercebo mais do quanto a
Cultura, em particular a ocidental, não é nada acidental nem imprevista. Somos
um produto social por causa das interações que temos e cultural porque fazemos
exatamente aquilo que os produtores de Cultura nos dizem para fazer. Temos duas
opções: aceitar fazer parte das massas ou ser alternativos o suficiente para
nos afastarmos. Eu próprio me encontro em conflito constante porque aquilo que
me é oferecido pelos media me agrada mas não aceito ser mais um no meio de
milhões. Há áreas que criam Cultura e nos conseguem moldar, mas as que nos vêm
mais depressa à mente – Política, Economia, Religião – não são as únicas que o
fazem. E talvez até nem sejam as que
mais impacto têm no nosso dia-a-dia.
Se pensarmos sobre o assunto, rapidamente nos
apercebemos que ouvimos sem questionar as músicas que os artistas comerciais
nos oferecem e vestimos com a maior das naturalidades aquilo que as marcas e as
celebridades nos dizem ser apropriado. E aqui estão dois dos temas que me
interessam e me fizeram criar este blogue, para que todos os que se interessam
também possam acompanhar: Moda e Música, duas indústrias em constante mudança e que seguem tendências. Em resumo, aquilo que vestimos e ouvimos tem
mais impacto na maneira como vivemos do que queremos acreditar e são duas das
coisas que, daqui a cinquenta anos, vão fazer alunos de História olhar para a
década de 2010 e julgar-nos enquanto Sociedade. Não conseguimos pensar em anos
sessenta sem minissaias nem em anos vinte sem jazz, não é verdade?
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