quarta-feira, 11 de fevereiro de 2015

Culto de Tendências

Vivemos sem refletirmos sobre aquilo que nos rodeia. Conseguimos deixar a vida passar sem sermos mais do que uma das migalhas que formam o todo que é a Humanidade, 7 biliões de pessoas. Não conseguimos ser totalmente antissociais porque não vivemos isolados numa concha, por muito que nos afastemos do mundo, e não podemos ser todos personagens históricas que mudaram o mundo. Mesmo assim, o ser humano precisa de contactar com o ambiente que o rodeia para se expressar. Cada pedaço de Cultura que nos rodeia faz de nós aquilo que somos; a Sociedade condiciona a Cultura e a Cultura condiciona a Sociedade. E, felizmente, nada se mantém intacto. O tempo não para e o espaço está em constante alteração, o que nos obriga a evoluir com eles e a assimilar novas formas de estar e de pensar. Acredito que sem isto a vida não faria sentido e seríamos animais irracionais que têm o mesmo comportamento instintivo há milhares de anos.
E o parágrafo anterior serviu para quê? Não foi para introduzir uma tese de mestrado, mas sim para explicar a criação deste blogue. Já tive vários blogues e nenhum me satisfazia completamente, o que me fazia desistir ao fim de alguns meses, no máximo dois anos. Mesmo aqueles nos quais eu falava de Moda – um assunto onde me devia dar por contente, dado que sou estudante de Design e Marketing de Moda) - me aborreciam depois de alguns posts. Não consigo ser um relatador de coleções porque me aborreço facilmente, nem um crítico musical ultracompetente uma vez que não tenho formação para isso, nem um político porque não gosto de agradar a toda a gente e muito menos defender algo em que não acredito. Mas preciso de observar, e não é só no sentido de ver: observar em todas as suas dimensões. Olhar, ouvir, pensar sobre aquilo que me rodeia. Estou longe de filosofar seja sobre o que for, porque a Filosofia escolar encarregou-se de asfixiar as minhas tentativas, e não tenho como objetivo ser um sociólogo porque há várias áreas do conhecimento humano que não me fascinam.
 Contudo, cada vez me apercebo mais do quanto a Cultura, em particular a ocidental, não é nada acidental nem imprevista. Somos um produto social por causa das interações que temos e cultural porque fazemos exatamente aquilo que os produtores de Cultura nos dizem para fazer. Temos duas opções: aceitar fazer parte das massas ou ser alternativos o suficiente para nos afastarmos. Eu próprio me encontro em conflito constante porque aquilo que me é oferecido pelos media me agrada mas não aceito ser mais um no meio de milhões. Há áreas que criam Cultura e nos conseguem moldar, mas as que nos vêm mais depressa à mente – Política, Economia, Religião – não são as únicas que o fazem. E talvez  até nem sejam as que mais impacto têm no nosso dia-a-dia.
Se pensarmos sobre o assunto, rapidamente nos apercebemos que ouvimos sem questionar as músicas que os artistas comerciais nos oferecem e vestimos com a maior das naturalidades aquilo que as marcas e as celebridades nos dizem ser apropriado. E aqui estão dois dos temas que me interessam e me fizeram criar este blogue, para que todos os que se interessam também possam acompanhar: Moda e Música, duas indústrias em constante mudança e que seguem tendências. Em resumo, aquilo que vestimos e ouvimos tem mais impacto na maneira como vivemos do que queremos acreditar e são duas das coisas que, daqui a cinquenta anos, vão fazer alunos de História olhar para a década de 2010 e julgar-nos enquanto Sociedade. Não conseguimos pensar em anos sessenta sem minissaias nem em anos vinte sem jazz, não é verdade?

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